Periferias coroataenses

Breves considerações sobre as comunidades populares (periferias) do município de Coroatá

Por Cleo Freitas

Em uma análise preliminar podemos destacar como sendo comunidades populares ou periferias coroataenses o surgimento de bairros populares, que logo poderiam assim ser classificados. A existência dessas áreas decorre do crescimento do município (hoje com mais de 60 mil habitantes) iniciado com o êxodo rural, que aflige todo o país e o estado do Maranhão. Por este motivo uma quantidade muito grande de lavradores, fugindo da agricultura familiar de subsistência, chegou à área urbana em busca de oportunidades de trabalho e educação para seus filhos.

Estas pessoas encontraram como locais para fixar moradia as áreas alagadiças ou particulares próximas, ou não muito distantes, do centro urbano, que logo foram invadidas por outras centenas de pessoas. Esta parcela de moradores trouxeram consigo alguns costumes, como o modo de construir suas residências: palha do coco babaçu e pau-a-pique, além de costume esta forma de construção era a única viável para os que não possuem nenhuma renda, somente o desejo de sobreviver. Alguns anos mais tarde, ou pode-se dizer atualmente, as periferias seriam tomadas por casas de alvenarias (muitas vezes) sem rebocos ou em condições precárias.

O trabalhador rural não é o único a constituir a população dessas comunidades populares e periferias coroataenses, muito embora seja seu maior percentual, podem também ser encontrados nessas áreas ciganos, pessoas oriundas de outras cidades e estados, jovens e crianças nascidas nestes locais (portanto filhos desses primeiros).

Não existem dados oficiais que indicam os números de moradores nessas comunidades, mas a “olho nu” supera o número de moradores nas áreas tidas como urbanizadas, perdendo somente para os habitantes da zona rural.

As comunidades populares e periferias coroataenses continuam em expansão, no entanto essas áreas, embora de forma muito tímida, começam a receber atenção do Poder Público e estão conquistando aos poucos algumas políticas e investimentos públicos, podemos citar: eletrificação, canalização da água para o consumo humano, postos de saúde, escolas, etc. Mas, ainda há muito para avançar em saneamento básico, limpeza e iluminação pública, espaços para a prática esportiva, lazer e manifestações culturais.

Nessas comunidades encontram-se um grande número de adultos e jovens desempregados ou sobrevivendo do mercado informal e, muitas vezes, do subemprego: construção civil, autônomos, corte de cana (em S. Paulo/SP), empregadas domésticas (e para as crianças venda ambulante).

É grande o número de jovens desempregados e é alto índice de criminalidade e uso de drogas entre estes jovens, adolescentes e até mesmo crianças nessas comunidades. Apontando uma necessidade real e urgente da construção de oportunidades oferecidas pelo poder público ou sociedade civil organizada para promover a cidadania dessas populações.

Cleo Freitas é Coordenador Executivo da CUFA Coroatá e Coordenador de Comunicação da CUFA Maranhão