31 de outubro de 2010

Um século após a 1ª citação, favela cobra lugar na história e data ''para reflexão''

Bruno Paes Manso e Rodrigo Brancatelli - O Estado de S.Paulo

No dia 4 de novembro de 1900, um delegado escreveu ao chefe da polícia do Rio reclamando do Morro da Favella - atual Morro da Providência, no centro. Para o "bem da ordem e moralidade pública", sugeria a "extinção dos casebres e pardieiros" do lugar. No morro viviam veteranos da Guerra de Canudos e o povoado foi batizado em referência a uma planta comum nos campos de batalha baianos.

Mais de um século depois, a data vem sendo reivindicada por movimentos sociais para ser oficializada como o dia da favela. Cinco cidades já aderiram - entre elas, Rio (a primeira), Salvador, Fortaleza e Sergipe. Em outras três, tramita projeto de lei para criar a data. Na quinta-feira, o evento será celebrado informalmente nos 26 Estados brasileiros e Distrito Federal, com mostras de filmes de diretores que moram em favelas, shows e saraus.

"Não queremos mais um feriado e também não queremos comemorar. Lutamos para tornar essa data um momento para reflexão", afirma Celso Athayde, um dos fundadores da Central Única das Favelas (Cufa), que encabeça a cruzada. "Favela e favelado são estigmas há mais de um século. Precisamos encontrar alternativas para transformar esse estigma em carisma."

Leia a matéria completa no site do jornal O Estado de S. Paulo, clicando aqui.

30 de outubro de 2010

Qual foi a primeira favela do Brasil?

Por Roberto Navarro, revista Mundo Estranho


Oficialmente, a pioneira foi a do morro da Providência, surgida em 1897 no centro do Rio de Janeiro. Mas, recentemente, novos estudos sugerem que já havia gente morando em barracos na cidade antes disso. Vamos aos fatos: a ocupação no morro da Providência começou quando cerca de 10 mil soldados que haviam participado da Guerra de Canudos, no sertão da Bahia, desembarcaram na antiga capital do país. Na bagagem, uma reivindicação: eles queriam que o governo desse casas para os veteranos do conflito. Sem grana para criar os tais alojamentos, o governo teria permitido a construção de vários barracos de madeira no morro da Providência, que ficava atrás de um quartel. Essa é a versão mais conhecida. Mas algumas pesquisas indicam que a primeira favela foi outro aglomerado de casas precárias, surgido ainda no ano de 1897, só que alguns meses antes da Providência. O local da favela pioneira seria o morro de Santo Antônio, também no centro. Estudos com documentação da época revelam que, no começo de 1897, já existiriam 41 barracos no local. Fica difícil comprovar essa história porque o morro de Santo Antônio foi destruído para a construção do aterro do Flamengo, nas décadas de 1950 e 1960. A favela da Providência, por outro lado, existe até hoje. Se o pioneirismo é discutível, restam poucas dúvidas sobre a origem do nome "favela". Tudo indica que os primeiros moradores da Providência chamavam o lugar de "morro da Favela" - era uma referência a um morro de mesmo nome que existia em Canudos, recoberto por um arbusto rasteiro também chamado "favela". Com o passar dos anos, a palavra virou sinônimo de uma triste realidade habitacional. Pelas contas do IBGE, mais de 10 milhões de pessoas vivem em favelas, espalhadas em um terço dos municípios brasileiros.

Ela é carioca

Berço das favelas, cidade do Rio tem hoje 1,1 milhão de pessoas em moradias precárias

1897

Soldados que haviam participado da Guerra de Canudos, no interior da Bahia, chegam ao Rio de Janeiro em busca de moradia. Sem ter casas, começam a construir barracos - primeiro no morro de Santo Antônio e, logo depois, no morro da Providência

1903

O governo carioca baixa um decreto que proíbe a construção e o conserto de cortiços, mas tolera a construção de barracões nos morros que ainda não tenham casas. A lei facilita o crescimento das favelas nos morros, ocupados pela população pobre sem moradia

1947

Na pesquisa de recenseamento, o governo reconhece oficialmente pela primeira vez a existência das favelas. Segundo a pesquisa, o Rio tinha 119 favelas, onde moravam cerca de 283 mil habitantes - 14% da população da cidade.

1964

A ditadura militar passa a derrubar barracos e a retirar moradores de terrenos valorizados, especialmente na Zona Sul. Entre 1964 e 1974, 80 favelas são destruídas. Os 140 mil desabrigados vão para conjuntos habitacionais nas periferias ou criam novas favelas.

Anos 1980

Com o fim da ditadura militar, o governo estadual incentiva políticas de legalização das favelas - e elas voltam a inchar. No fim da década de 1980, calculava-se que um milhão de pessoas viviam nas 545 favelas em toda a cidade.

2005

Com 1,1 milhão de pessoas vivendo em favelas, o governo carioca aposta no programa Favela-Bairro, que faz obras de urbanização em mais de cem comunidades pobres. Mas a maioria delas ainda tem graves problemas de infra-estrutura e violência.

Conheça o livro  Um século de favela (Alba Zaluar,Marcos Alvito), clicando aqui.

20 de outubro de 2010

04 de novembro é Dia da Favela

A Favela também tem seu dia (Lei n° 4.383/2006)

Somos sabedores da importância das favelas para a história desse país, porém também somos sabedores das necessidades e dificuldades a que moradores desses locais são submetidos. Por essa e por tantas outras razões a Central Única das Favelas (CUFA Brasil) realizou recentemente uma campanha para a criação do Dia da Favela e consegui mais de 700 mil assinaturas em favor da proposta. A campanha da CUFA ocorreu entre os dias 20 de março de 2005 e 12 de dezembro de 2005.

O Dia da Favela veio com o intuito de resgatar a auto-estima e a cidadania das pessoas que nesses locais residem. A CUFA entende que uma data comemorativa seria um símbolo de resgate e de celebração de várias culturas que ali se manifestam e que precisam ser reconhecidas. Chegamos a data de 02 de novembro - porque não? - em pesquisa concluímos que entre tantas datas significativas, foi em 4 de novembro de 1900 que o estado, na pessoa de um delegado da 10ª circunscrição dialogou com chefe da polícia da época – Dr. Enéas Galvão - sobre uma favela, nesse caso o Morro da Providência, a primeira favela do Brasil.

Na carta encaminhada ao prefeito do Rio de Janeiro, tanto a área geográfica quanto a comunidade nela instalada são tratadas como problema social, sanitário, policial, e até mesmo moral. Na linguagem do documento falam de "limpar" aquelas áreas. Ou seja, a primeira favela surge ao mesmo tempo em que é identificada através de estigmas que vão durar muito tempo. Daí a iniciativa de criar o Dia da Favela para promover a transformação do estigma em carisma. Preencher de positividade o significado da palavra irá preencher de possibilidades a auto estima dessa população.

Portanto, o dia 04 de novembro passou a ser um novo dia. O dia da Favela.

Com informações do blog da CUFA Cuiabá / MT.

11 de outubro de 2010

A verdade sobre o Maranhão precisa ser dita

No Maranhão a negação de direitos revela-se,sobretudo, através do IDH, espelhado em baixos indicadores sociais. Segundo dados do IBGE, dos 100 municípios mas pobres do Brasil , 83 pertencem ao estado do Maranhão. Em uma pesquisa realizada pela Fundação Getulio Vargas intitulada o mapa do fim da fome, apontou o Maranhão como o estado mais pobre da federação com indigentes per capita alcançando a marca de 63,72%. Em outro documento produzido pelo IBGE, Síntese dos Indicadores Sociais pude constatar que a taxa de analfabetismo registra 28.8% da população e que a média de anos de estudo é de 4,6% e o analfabetismo funcional corresponde as taxas de 52,8%. Em se tratando da distorção idade – série nas 03 esferas, o ensino fundamental corresponde a 59,7 % e o ensino médio registra 74% do total de alunos. Aliado a tudo isso, o índice massivo de violência e mortes entre adolescentes envolvidos ou não com drogas nas periferias maranhense, desenha uma situação bastante complicada.

Enviado por Billy Wesley para o e-mail da rede CUFA Brasil.