Bruno Paes Manso e Rodrigo Brancatelli - O Estado de S.Paulo
No dia 4 de novembro de 1900, um delegado escreveu ao chefe da polícia do Rio reclamando do Morro da Favella - atual Morro da Providência, no centro. Para o "bem da ordem e moralidade pública", sugeria a "extinção dos casebres e pardieiros" do lugar. No morro viviam veteranos da Guerra de Canudos e o povoado foi batizado em referência a uma planta comum nos campos de batalha baianos.
Mais de um século depois, a data vem sendo reivindicada por movimentos sociais para ser oficializada como o dia da favela. Cinco cidades já aderiram - entre elas, Rio (a primeira), Salvador, Fortaleza e Sergipe. Em outras três, tramita projeto de lei para criar a data. Na quinta-feira, o evento será celebrado informalmente nos 26 Estados brasileiros e Distrito Federal, com mostras de filmes de diretores que moram em favelas, shows e saraus.
"Não queremos mais um feriado e também não queremos comemorar. Lutamos para tornar essa data um momento para reflexão", afirma Celso Athayde, um dos fundadores da Central Única das Favelas (Cufa), que encabeça a cruzada. "Favela e favelado são estigmas há mais de um século. Precisamos encontrar alternativas para transformar esse estigma em carisma."
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